Em uma tendência que desafia expectativas, o Brasil testemunhou em 2022 o menor número de nascimentos registrados em quase meio século. De acordo com as Estatísticas de Registro Civil do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país contabilizou apenas 2.542.298 nascimentos no ano passado, marcando uma redução de 3,5% em relação a 2021 e uma queda significativa de 10,8% em comparação com a média da década anterior à pandemia de covid-19.
Este recuo nos nascimentos, que se estende por quatro anos consecutivos, lança luz sobre as mudanças demográficas profundas pelas quais o Brasil está passando. A redução da natalidade, que atinge seu ponto mais baixo desde 1977, reflete uma combinação de fatores, incluindo mudanças nas taxas de fecundidade e os impactos residuais da pandemia de covid-19.
O declínio foi sentido em todas as regiões do país, com quedas acentuadas particularmente no Nordeste e no Norte. Apesar dessa tendência geral, houve exceções notáveis, como em Santa Catarina e Mato Grosso, onde os números de nascimentos de fato aumentaram. A distribuição temporal dos nascimentos em 2022 revela picos em março e maio, enquanto outubro viu o menor número de registros.
Uma mudança demográfica notável relatada pelo IBGE é a alteração no perfil de idade das mães brasileiras. Enquanto a participação de mães jovens, com menos de 29 anos, nos nascimentos totais está em declínio, há um aumento notável na proporção de mães com 30 anos ou mais. Este fenômeno pode ser atribuído a uma série de fatores, incluindo mudanças nas prioridades de vida, avanços na educação e na carreira, e uma crescente conscientização sobre planejamento familiar.
O estudo também lança luz sobre um aspecto muitas vezes negligenciado: os nascimentos não registrados. Em 2021, mais de 55 mil nascimentos não foram oficialmente documentados, destacando a necessidade de políticas públicas inclusivas que garantam o registro universal.
Paralelamente à diminuição dos nascimentos, o Brasil registrou uma queda de 15,8% nas mortes em 2022 em comparação com o ano anterior, atribuída em grande parte aos esforços de vacinação contra a covid-19. Apesar da queda geral, houve um aumento alarmante na mortalidade entre crianças menores de 15 anos, o que aponta para a necessidade urgente de reforçar as medidas de saúde pública para proteger os mais vulneráveis.
Este cenário desafia o Brasil a adaptar-se a uma nova realidade demográfica, com implicações de longo alcance para o planejamento urbano, políticas de saúde, educação, e seguridade social. A evolução dos nascimentos, combinada com as tendências de mortalidade, oferece insights cruciais para o futuro do país, sublinhando a importância de estratégias proativas para navegar nesta era de mudanças sem precedentes.
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