A violência contra jornalistas no Brasil, um tema crítico para a liberdade de imprensa, registrou uma queda acentuada em 2023, segundo a mais recente pesquisa da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Com um total de 330 ataques reportados, o cenário de hostilidade contra profissionais da mídia viu uma redução de 40,7% em comparação ao ano anterior. Essa notícia marca um ponto de virada significativo no contexto da segurança dos jornalistas no país, particularmente após um ano marcado por intensas manifestações políticas.
O relato de Marina Dias, jornalista do The Washington Post, sobre sua experiência traumática em Brasília, durante os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, destaca o perigo real enfrentado por jornalistas em campo. A violência sofrida por Dias não é um caso isolado, mas a diminuição dos ataques sugere uma possível melhora no ambiente para a imprensa.
Segundo a Abraji, a alteração do cenário político brasileiro, especialmente após o término do mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, pode ter contribuído para a diminuição da violência. A pesquisa detalha que 38,2% dos ataques foram classificados como violência grave, incluindo agressões físicas e ameaças de morte. Notavelmente, os discursos estigmatizantes formaram 47,2% dos casos, evidenciando uma persistente batalha contra a desinformação e a descredibilização de profissionais e veículos de comunicação.
Um aspecto preocupante do estudo é que 55,7% dos ataques partiram de agentes estatais, ressaltando o desafio adicional enfrentado por jornalistas ao lidar com fontes de poder. Além disso, a violência de gênero se destacou, com 52,1% dos ataques ocorrendo online e visando desproporcionalmente as jornalistas mulheres, sublinhando a necessidade de uma atenção especial às questões de gênero na mídia.
A Abraji também identificou um aumento nos processos judiciais civis e penais como forma de silenciar a imprensa, o que constitui uma preocupante tendência de censura por vias legais. Este aumento dos chamados SLAPPs (Processos Estratégicos contra a Participação Pública) reflete uma tentativa de intimidar jornalistas e restringir a liberdade de expressão através do sistema judicial.
Diante desses desafios, a Abraji propôs medidas concretas para melhorar a segurança dos jornalistas, incluindo a implementação de políticas de proteção pelos poderes públicos e o desenvolvimento de mecanismos pelas plataformas de redes sociais para combater a violência online. Além disso, recomendou-se que as empresas jornalísticas adotem estratégias de formação, prevenção e proteção, enfatizando a importância de não se silenciar diante das agressões.
Este relatório da Abraji é um lembrete crucial da necessidade de vigilância constante para garantir a segurança dos jornalistas e, por extensão, a preservação da liberdade de imprensa no Brasil. A redução dos ataques é um passo positivo, mas as recomendações da Abraji destacam a jornada contínua pela proteção dos profissionais da mídia e a promoção de um ambiente seguro e respeitoso para o exercício do jornalismo.
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