Um levantamento do Instituto Pet Brasil (IPB), em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), revelou um dado alarmante sobre a realidade dos animais de estimação no Brasil. Cerca de 4,8 milhões de cães e gatos vivem em condição de vulnerabilidade, ou seja, pertencem a famílias abaixo da linha da pobreza ou recebem cuidados de pessoas sem um lar fixo.
O Panorama da Vulnerabilidade Animal no Brasil
Segundo a pesquisa, 60% dos animais em situação de vulnerabilidade são cães (2,88 milhões), enquanto 40% são gatos (1,92 milhão). Em relação à população total de pets no país, os chamados Animais em Condição de Vulnerabilidade (ACVs) representam 5,2%.
Apesar do número expressivo, apenas 4,2% desses animais acabam efetivamente abandonados, tornando-se responsabilidade de Organizações Não Governamentais (ONGs) de abrigo e proteção animal. Isso equivale a aproximadamente 0,21% da população total de cães e gatos do Brasil.
A Necessidade de Políticas Públicas e Ações do Setor Privado
Para José Edson Galvão de França, presidente-executivo da Abinpet e membro do conselho consultivo do IPB, o estudo reforça a necessidade de um olhar atento para questões relacionadas à posse responsável e à proteção animal.
“A pesquisa revela um cenário que precisa ser observado com muita atenção. Os pets são, cada vez mais, parte integrante das famílias brasileiras, e a posse responsável deve ser um compromisso inegociável para quem pensa em cuidar de um animal. É fundamental garantir alimentação, vacinas e um ambiente adequado, além do carinho e atenção que eles merecem. Esse estudo é resultado de um trabalho realizado em parceria com centros de pesquisa e acadêmicos que entendem profundamente a realidade brasileira e o setor pet”, destaca França.
A Atuação das ONGs e Centros de Zoonoses
O levantamento também revelou dados sobre a atuação das ONGs de proteção animal no Brasil. Atualmente, existem cerca de 400 ONGs ativas, distribuídas da seguinte forma:
- 46% estão na Região Sudeste;
- 18% no Sul;
- 17% no Nordeste;
- 19% distribuídas entre Norte e Centro-Oeste.
As ONGs foram classificadas de acordo com sua capacidade de acolhimento:
- 33% abrigam de 1 a 100 animais (pequeno porte);
- 48% cuidam de 101 a 500 animais (médio porte);
- 19% possuem mais de 501 animais (grande porte).
Os Centros de Controle de Zoonoses (CCZs) também desempenham um papel crucial na saúde pública animal. Atualmente, o Brasil conta com 305 CCZs em operação, sendo 66% deles concentrados na Região Sudeste. Entretanto, apenas 19% dos CCZs promovem campanhas de adoção animal, o que evidencia a necessidade de ampliação dessas iniciativas para reduzir o número de animais em situação de vulnerabilidade.
O Papel da Vacinação na Proteção Animal
A pesquisa também revelou que 70% da população pet do Brasil foi vacinada em 2021, representando mais de 59 milhões de cães e gatos imunizados. A distribuição da taxa de vacinação por região foi a seguinte:
- Sudeste: 80% dos animais vacinados;
- Nordeste: 75%;
- Centro-Oeste: 70%;
- Norte: 65%;
- Sul: 60%, registrando a menor taxa de imunização.
A imunização é essencial para garantir a saúde dos animais, prevenindo doenças graves e evitando surtos de zoonoses que também podem afetar os seres humanos.