A artista plástica Katia Suzue, 35, moradora do Jardim Brasil, na zona norte de São Paulo, é reconhecida na cidade pelos seus diversos grafites realizados com uma forte referência oriental.
Conheça e medite com a arte de Katia Suzue no YouTube.
Raiz na terra do sol nascente
Criada por seus avós maternos, que são filhos de imigrantes japoneses, ela traz em suas raízes o traço oriental. Em sua infância, estudou em uma escola no bairro, que homenageia a cultura nipônica, a E.E.P.G. Província de Nagasaki.
“Sempre gostei de desenho e quando criança fui incentivada a desenhar. Quando morei no Japão, conheci um casal de artistas que me apresentou um mundo de encantos nas artes orientais. Ao retornar ao Brasil trabalhei em estúdios de tatuagem onde desenhava muito, cursei faculdade de artes, técnico em museu, paisagismo e estou terminando uma pós agora”, conta a artista.
A arte do grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. Seu aparecimento na Idade Contemporânea se deu no começo da década de 70, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, quando alguns jovens começaram a deixar suas marcas nas paredes da cidade. Algum tempo depois, essas marcas evoluíram com técnicas e desenhos. Ao final da década, essa forma de expressão chegava a São Paulo e logo foi ganhando um toque brasileiro.
Para Katia, “a arte tem o poder de retratar a história, de mostrar uma determinada visão de mundo, no início das civilizações a arte era vista como algo mágico, uma manifestação poderosa e mística”.
O grafite está ligado diretamente a vários movimentos, em especial ao Hip Hop. Para esse movimento, o grafite é a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos e, com isso, busca refletir a realidade das ruas.
Entre 1997 a 2001, Suzue morou no Japão e lá estudou Língua Japonesa, pintura e desenho na cidade de Gifu, com conceituados artistas plásticos, como Naka Massahiro e kaoru Naka (cartunista do jornal Chiu-Nichi-Shimbum). Ao retornar ao Brasil, trabalhou durante cinco anos em estúdios de Body Art. Desde 2005, seus trabalhos são realizados com spray.
“O graffiti é a forma mais livre que encontrei pra desenvolver meu processo criativo, Além disso, gosto do contato que tenho com a rua. Fiz muitos amigos nesse ‘role’ e pintar o bairro é uma forma muito interessante de marcar território”, conta.
Além disso, “cada trabalho tem sua cor, seu estilo e sua definição”.
“Enfrentei muitas dificuldades por ser mulher, mas fui ganhando meu espaço e hoje sou reconhecida pelo meu trabalho”, detalha.
Suzue participa de diversos eventos na área e sua temática é toda baseada no imaginário oriental. Seus trabalhos já foram expostos no Museu da Imagem e do Som (MIS). A artista também foi a curadora na Semana de Design e do Dia do Graffiti, onde foi homenageada.
Atualmente é professora de Artes, na Escola Estadual Lael de Moura Prado, no Jardim Brasil e no Catavento Cultural, onde ministra um projeto cultural e social na zona leste.
Matéria originalmente publicada pelo Portal da Juventude em parceria com a Agência Mural. Clique aqui e veja o seu conteúdo completo