Nos anos 80, uma figura singular emergiu nas periferias violentas de São Paulo, personificando a busca por justiça em meio ao caos. Francisco Vital da Silva, nascido no sertão da Bahia, migrou para São Paulo em busca de uma vida melhor. Estabeleceu-se em Itaim Paulista, na zona leste da cidade, onde, como pedreiro, construiu um bar constantemente alvo de criminosos.
Cansado das extorsões e violência, Chico Pé de Pato, como ficou conhecido, começou a revidar os abusos. Munido de uma faca para autoproteção, tornou-se uma figura temida por muitos sujeitos perigosos da região. O ponto de virada ocorreu quando sua casa foi invadida, resultando no estupro de sua esposa e filha de 16 anos.
Revoltado com a impunidade, Chico decidiu agir. Adquiriu armas e iniciou uma busca por vingança, eliminando criminosos e deixando claro que, se a polícia não agisse, ele o faria. O comerciante baiano transformou-se em um justiceiro, atuando na região leste da Grande São Paulo.
Sua fama cresceu rapidamente, recebendo informações da própria polícia sobre criminosos procurados. Pé de Pato tornou-se um herói para a população local, preenchendo o vazio deixado pela deficiência da justiça estatal nas áreas mais pobres. Nos anos 80, a ordem da polícia era eliminar criminosos nas áreas periféricas, e Chico assumiu esse papel, sendo chamado mais vezes pela população do que a própria ROTA.
O Notícias Populares destacou suas façanhas em uma série de reportagens, enquanto o radialista Afanasio Jazadji tornou-se um amigo e frequentemente mencionava Pé de Pato em suas histórias. Chico era um símbolo de justiça para muitos, um homem que enfrentava o crime quando as instituições falhavam.
No entanto, o destino de Chico deu uma reviravolta após uma fatal discussão em um bar, resultando na morte de um policial militar à paisana. Consciente das consequências, Pé de Pato fugiu, tornando-se procurado pela ROTA. Sua prisão, no entanto, não foi simples, com mais de 500 pessoas clamando por sua liberdade na porta da delegacia.
Julgado em 1985, Chico foi condenado a apenas 6 anos de prisão, uma pena surpreendentemente baixa dada a quantidade de homicídios que protagonizou. A pressão popular foi evidente, com um abaixo-assinado e cerca de 2 mil pessoas no Fórum no dia do julgamento. Contudo, a trajetória de Pé de Pato teve um fim trágico, sendo morto com 91 estiletadas em uma penitenciária, encerrando assim o capítulo daquele que, por um breve momento, foi o justiceiro do Itaim Paulista.
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Matéria originalmente publicada pelo Jornal Acontece Agora. Clique aqui e leia o conteúdo completo.