A Prefeitura de São Paulo divulgou hoje, dia 13, um inquérito sorológico sobre as causas e os efeitos do Covid-19 na cidade. De acordo com o estudo, a população periférica foi a que mais contraiu o vírus.
“Apesar do covid-19 ter começado na classe alta, que trouxe o vírus de viagens para a Europa, hoje a doença é muito mais presente entre os mais pobres, tanto em termos de mortes quanto de infecções”, aponta o Prefeito de SP, Bruno Covas.
A maior incidência do vírus ocorre nos extremos das zonas sul, leste e norte, nos distritos com os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), como Grajaú, Jardim Ângela, Guaianases, Jardim Helena, Perus e Brasilândia, dentre outros.
“O problema é que temos uma questão histórica na periferia. A região, ao longo de décadas, foi esquecida pelo poder público, é lá que temos problemas sociais muito grandes. Essas regiões, também por ter dificuldade maior no processo de isolamento social, acabaram sendo mais atingidas com a contaminação e óbitos”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido.
Para o Diretor da Sociedade Paulista de Infectologia, Evaldo Stanislau, aponta o avanço e a letalidade maior do coronavírus nas periferias como “uma tempestade perfeita”. “O distanciamento social é difícil de ser obtido nessas áreas mais extremas, pelas condições de moradia (foto) e falta de amparo social e financeiro. Muitos estão na economia informal, perderam a renda e, de alguma maneira, precisam sair de casa. E a condição das moradias, muito propícias à contaminação. Geralmente são moradias subnormais, como cortiços, onde há aglomeração. Somado à falta de assistência — os hospitais são pior equipados — tudo isso impacta o resultado final, que é mais infecções e mais mortes”, conclui o médico.
Zona Sul é a região com maior risco
Pelos dados, a distribuição da doença é maior na zona sul, com 19,9% de incidência para o total de moradores – ou seja, praticamente um a cada cinco residentes na região. Na sequência, as mais afetadas são as zonas norte (13,8%), leste (11,8%), sudeste (10,3%) e centro-oeste (5,5%).
O perfil de contágio é de pessoas jovens e adultos de até 49 anos, das classes D e E, negros e pardos, que moram em área de IDH baixo, com baixa escolaridade e que não estão em teletrabalho.
Matéria originalmente publicada pelo Jornal Acontece Agora. Clique aqui e visualize o seu conteúdo original.