Recentemente, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que a substituição dos livros didáticos impressos por versões digitais a partir do próximo ano em alguns níveis das escolas públicas do estado.
A decisão foi criticada por especialistas em educação e editoras, que destacam, entre outras coisas, a dificuldade de passar para uma digitalização total em tão pouco tempo em um país onde muitos alunos não têm sequer acesso à internet.
Diante da repercussão negativa, Tarcísio e o Secretário Estadual de Educação, Renato Feder voltaram atrás da decisão, e acenaram com a manutenção do material estadual. “Se o aluno quiser estudar digitalmente, ele vai poder; se ele quiser estudar no conteúdo impresso, ele também vai ter essa opção”, afirmou Tarcísio.
Já Feder destacou que os conteúdos dos livros perderam a qualidade e que a aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios. O livro tradicional, ele sai.
A medida iria atingir os alunos a partir de 14 anos de 5.300 escolas do estado. Ao todo, a rede estadual de ensino possui mais de 3,5 milhões de alunos, o que corresponde a 36% do total de matrículas no Brasil.
Segundo o diretor-executivo da ONG Todos pela Educação, Olavo Nogueira Filho, “a digitalização total “só faria sentido se as evidências (de sua eficácia) fossem indisputáveis, o que não é o caso aqui”.
A Suécia era o único país que utilizava a educação 100% digital em suas escolas, porém, devido a queda no desempenho das crianças em leitura, a dificuldade dos pais em ajudarem os filhos nas tarefas, além dos riscos relacionados à saúde sobre o aumento do uso de telas, fizeram com o que os suecos voltassem atrás na decisão, e investissem 45 milhões de euros (cerca de R$ 242 milhões) na distribuição de livros didáticos impressos.
“Recursos didáticos digitais, se usados corretamente, apresentam certas vantagens, como combinar imagem, texto e som. Mas o livro físico traz benefícios que nenhuma tela pode substituir”, afirmou a ministra Edholm.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), braço da ONU para a educação, desaconselha o uso excessivo de tecnologia nas aulas, considerando que pode afetar negativamente a aprendizagem.
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