A creatina é um dos suplementos mais populares no mundo esportivo, amplamente utilizada para melhorar o desempenho físico. No entanto, muitas dúvidas e informações equivocadas circulam sobre seus efeitos e segurança. Para esclarecer o que é verdade e o que é mito, pesquisadores brasileiros participaram de um estudo global que revisou dezenas de pesquisas científicas sobre o tema. O artigo foi publicado no Journal of the International Society of Sports Nutrition e contou com a colaboração de especialistas da Universidade de São Paulo (USP).
Os resultados mostram que a creatina, quando consumida corretamente, não causa câncer, não compromete os rins, não provoca câimbras, calvície ou hipertensão arterial. Além disso, a suplementação é segura para diferentes faixas etárias e pode auxiliar no desempenho esportivo, especialmente em atividades de alta intensidade.
Creatina: o que diz a ciência?
Segundo o professor Hamilton Roschel, da Escola de Educação Física e Esporte da USP (EEFE), a creatina é um composto naturalmente produzido pelo organismo, especialmente no fígado e nos rins, a partir de aminoácidos como arginina, glicina e metionina. Ela também está presente em carnes vermelhas e pode ser consumida por meio de suplementos.
📌 “Por ser armazenada principalmente nos músculos e facilitar a produção rápida de energia, a suplementação de creatina tem sido amplamente usada para melhorar o desempenho físico. No entanto, seu efeito não se limita ao esporte, e estudos vêm investigando seu potencial terapêutico para a saúde óssea, cognição e até na recuperação muscular”, explica Roschel.
O estudo analisou 14 afirmações sobre a creatina, separando-as em três categorias:
✔️ Fatos confirmados (baseados em evidências científicas)
❌ Mitos desmentidos (fake news e desinformação)
⚠️ Áreas que precisam de mais estudos (efeitos terapêuticos ainda inconclusivos)
Mitos e verdades sobre a creatina
O professor Bruno Gualano, da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), destaca que o estudo teve um caráter didático e esclarecedor, ajudando a combater mitos populares sobre o suplemento.
🔹 Mitos desmentidos:
❌ Creatina prejudica os rins e o fígado – Não há evidências científicas que associem o suplemento a problemas renais ou hepáticos em indivíduos saudáveis.
❌ Creatina causa câncer – O estudo não encontrou qualquer relação entre a creatina e o desenvolvimento de câncer primário ou metástases.
❌ Creatina causa câimbras e desidratação – Pelo contrário, estudos apontam que a suplementação pode melhorar a hidratação intracelular.
❌ Creatina provoca hipertensão – A substância não impacta negativamente a pressão arterial, inclusive em populações com fatores de risco.
❌ Creatina causa calvície – Não há base científica para essa afirmação. O boato surgiu de um único estudo com um pequeno grupo de participantes e nunca foi comprovado.
🔹 Fatos confirmados:
✔️ Melhora do desempenho esportivo – O suplemento potencializa a capacidade de força e explosão muscular, beneficiando atletas de esportes como futebol, basquete e vôlei.
✔️ Eficácia para idosos e adolescentes – A suplementação pode ser benéfica para a manutenção da massa muscular em idosos e não apresenta riscos para adolescentes, quando usada corretamente.
✔️ Pode auxiliar na recuperação muscular – Embora mais pesquisas sejam necessárias, há indícios de que a creatina ajude na reabilitação de pessoas imobilizadas após cirurgias.
🔹 Áreas que ainda precisam de mais estudos:
⚠️ Creatina na gestação – Estudos em modelos animais não identificaram riscos, mas faltam evidências clínicas sólidas para confirmar sua segurança para gestantes.
⚠️ Creatina e reabilitação pós-cirúrgica – Existe um potencial promissor no uso da creatina para recuperação muscular em pacientes que passaram por cirurgias, mas ainda há poucos estudos clínicos sobre o tema.
⚠️ Creatina e cognição – Algumas pesquisas sugerem que a creatina pode ter efeitos positivos na saúde cerebral e memória, mas mais investigações são necessárias para confirmar esses benefícios.
Momento ideal para tomar creatina: antes ou depois do treino?
Outra questão abordada pelo estudo foi se existe um momento ideal para consumir creatina. Segundo os pesquisadores, não há diferença significativa entre tomar o suplemento antes ou depois do treino. O mais importante é a ingestão regular para garantir seus benefícios a longo prazo.
Além disso, o estudo analisou se o consumo de cafeína poderia reduzir os efeitos da creatina, mas não encontrou evidências conclusivas.
Conclusão: a creatina é segura e eficaz quando usada corretamente
O estudo reafirma que a creatina é um suplemento seguro e eficaz, com benefícios comprovados no desempenho físico e sem evidências de riscos para a saúde.
📌 “O artigo foi elaborado de forma didática para desmistificar informações erradas sobre a creatina e ajudar as pessoas a entenderem melhor como ela funciona”, conclui Bruno Gualano.
Embora mais estudos sejam necessários para comprovar seus efeitos terapêuticos, a ciência já confirmou que a creatina não é prejudicial e pode ser um aliado importante para esportistas, idosos e até mesmo pacientes em recuperação muscular.
Em resumo:
✅ Melhora o desempenho esportivo
✅ Não prejudica os rins nem o fígado
✅ Não causa câimbras, calvície ou câncer
✅ Pode ser benéfica para idosos e adolescentes
✅ Ainda precisa de mais estudos para avaliar efeitos na gestação e recuperação pós-cirúrgica
📢 A ciência já desmentiu os mitos – agora cabe ao público fazer escolhas informadas! 💪