Cigarro eletrônico altera estrutura dos dentes e aumenta risco de cáries, aponta estudo da USP

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Os cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vapes, têm sido amplamente consumidos nos últimos anos, especialmente entre os jovens. Apesar da aparência inofensiva, pesquisas recentes demonstram que esses dispositivos podem causar danos graves à saúde bucal. Um estudo conduzido pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Forp) da USP identificou que o uso do cigarro eletrônico altera a estrutura dos dentes, favorece o desenvolvimento de cáries e compromete a integridade do esmalte dentário.

Como foi feito o estudo?

Para analisar os efeitos dos vapes na saúde bucal, os pesquisadores desenvolveram um equipamento especial capaz de simular o ato de fumar. A máquina de teste de cigarro eletrônico foi configurada para reproduzir a inalação do vapor em dentes humanos, mantendo uma rotina de tragos de três segundos a cada minuto, durante quatro horas diárias por 30 dias consecutivos.

No total, o experimento utilizou 52 ml de e-líquido, contendo o equivalente a 86 maços de cigarros tradicionais. Os dentes expostos ao vapor foram obtidos do Biobanco de Dentes Humanos da Forp, uma estrutura que armazena amostras biológicas para pesquisa científica.

Principais descobertas: danos ao esmalte e maior risco de cáries

Os resultados da pesquisa são preocupantes. Os especialistas verificaram uma redução significativa da resistência do esmalte, da dentina e da dentina radicular, tornando os dentes mais vulneráveis a danos.

A professora Aline Evangelista de Souza Gabriel, coordenadora do estudo, explica que o vapor do cigarro eletrônico aumenta a desmineralização dental, processo que leva à perda de minerais essenciais para a resistência dos dentes. “Os dentes se tornam mais suscetíveis às cáries, pois o esmalte enfraquecido facilita a ação de bactérias prejudiciais”, detalha.

Outro fator alarmante é a influência do vapor do líquido aquecido dos cigarros eletrônicos, que cria um ambiente ideal para a proliferação da bactéria Streptococcus mutans. Essa bactéria adere ao esmalte dos dentes e forma um biofilme, espécie de camada bacteriana que acelera a desmineralização e compromete a estrutura dental.

Impactos na saúde bucal e necessidade de mais pesquisas

Os achados do estudo reforçam que o uso contínuo do cigarro eletrônico pode gerar complicações bucais severas. O professor Manoel Damião de Sousa-Neto, coautor da pesquisa, destaca que ainda há lacunas no conhecimento sobre os impactos do vape na saúde oral. “A literatura científica ainda não chegou a um consenso sobre os riscos de longo prazo do cigarro eletrônico, por isso é fundamental continuar investigando seus efeitos na cavidade oral e no organismo como um todo”, afirma.

O estudo, publicado na Archives of Oral Biology, acende um alerta sobre os perigos ocultos do uso dos cigarros eletrônicos. Enquanto muitas pessoas acreditam que o vape é uma alternativa mais segura ao tabagismo tradicional, as evidências mostram que seus danos à saúde podem ser tão prejudiciais quanto os do cigarro comum.

Eduardo Micheletto
Eduardo Michelettohttp://www.minutomicheletto.com.br
Jornalista e Radialista, pós graduado em Comunicação Organizacional e Comunicação e Marketing, além de ter realizado diversos cursos de extensão nas áreas de Marketing Digital e Experiência do Usuário (UX). É Diretor da Micheletto Comunicação.

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