Um estudo recente conduzido pelo Instituto Nencki de Biologia Experimental, localizado na Polônia, trouxe à luz os notáveis benefícios cerebrais decorrentes do aprendizado de instrumentos musicais. A pesquisa, que acompanhou 24 mulheres ao longo de seis meses de prática no piano, indicou uma significativa otimização das funções cerebrais, refletida na diminuição da atividade cerebral durante a execução dos movimentos, sinalizando um processo de aprendizado eficiente.
André Frazão Helene, especialista do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), explicou que aprender a tocar um instrumento ativa diversas áreas cerebrais, especialmente aquelas relacionadas à coordenação motora, como os córtex motor primário e secundário, além dos gânglios da base, responsáveis pela automatização dos movimentos. A prática instrumental também estimula os córtex auditivos, essenciais para a resposta sensorial e o aperfeiçoamento dos movimentos com base na retroalimentação auditiva.
O processo de aprendizado musical, conforme destacado pelo professor Helene, inicia com uma vasta ativação cerebral que, com o passar do tempo e a continuidade dos treinos, torna-se cada vez mais seletiva. Esta seletividade resulta numa diminuição da atividade neural para ações já bem treinadas, contrastando com as novas ações que ainda estão sendo aprendidas. Esse fenômeno não só evidencia a capacidade de adaptação e otimização do cérebro humano, mas também ressalta a importância do treino e da repetição na aprendizagem.
O especialista ainda apontou que, inicialmente, administrar as complexas ações envolvidas no tocar de um instrumento é uma tarefa árdua para o cérebro, mas à medida que a prática se torna frequente, as ações se automatizam, permitindo que a mente se ocupe de outras tarefas simultaneamente. Esse fenômeno é comparável ao aprendizado de dirigir, onde o motorista, após adquirir experiência, consegue realizar diversas ações enquanto mantém uma conversa com o passageiro.
O aprendizado de um instrumento musical não apenas aprimora as habilidades cognitivas relacionadas a esse campo específico, mas também prepara o terreno para um aprendizado mais ágil de novos instrumentos, especialmente se forem similares ao primeiro. Isso se deve à familiaridade com os movimentos, procedimentos e aspectos harmônicos já desenvolvidos.
Entre os benefícios adicionais mencionados por Helene estão a melhora na capacidade de resposta a lesões cerebrais e a recuperação de condições como AVC. A prática musical também contribui para a saúde neural a longo prazo, atuando como um suporte no processo de envelhecimento. Além disso, o aprendizado contínuo de novas habilidades, como a música, proporciona uma sensação de prazer, fundamental para o bem-estar mental.
Este estudo reforça a importância da música e do aprendizado de instrumentos musicais não apenas como uma forma de expressão artística, mas como uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento e manutenção da saúde cerebral.
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