Em um ano já marcado por tragédias, mais um fato chamou a atenção do Brasil e do mundo. A tragédia ocorrida na Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano, a 57 quilômetros de São Paulo, jamais será esquecida, o motivo não é só pela crueldade, pois os dois jovens invadiram o colégio e mataram sete pessoas, cometendo suicídio logo em seguida. Crime que muito se compara ao que ocorreu nos Estados Unidos, em 1999.
Não é a primeira vez que assassinatos bárbaros ocorrem em ambientes escolares no Brasil. Os de Realengo, no Rio (2011), e Goiânia (2018) são dois dos mais conhecidos, porém, um dos fatos que mais chamam a atenção é que antes do crime, um dos assassinos postou uma série de imagens, em uma rede social, em que ele aparecia com uma máscara de caveira, portando arma de fogo e fazendo um símbolo de arma com a mão na cabeça. Será que as nossas crianças não estão “alienadas” e navegando demais em um “mundo virtual”?
Segundo o filósofo e sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, nossa forma de vida atual se assemelha pela vulnerabilidade e fluidez, somos incapazes de manter a mesma identidade por muito tempo, o que reforça um estado temporário e frágil das relações sociais e dos laços humanos.
Talvez esse raciocínio possa explicar a forma imprevisível que ocorreu este crime. A tal “modernidade líquida” conceituada pelo pensador sobre o atual momento em que vivemos, de uma sociedade frágil, sem laços humanos e com jovens cada vez mais isolados do mundo real e presos ao mundo virtual (internet).
Vivemos a era do exibicionismo e do vazio existencial. Privilegiamos o termo “ter”, sem ao menos “sermos”, e nesta onda, há muitos valores perdidos, e um deles, talvez, um dos mais importantes, seja o apoio e carinho da família, tanto na educação, como na instrução deste novo ser.
Matéria originalmente publicada pelo jornal Semanário da Zona Norte. Clique aqui e visualize o seu conteúdo completo.