O último capítulo da série “Raio-X dos Bairros”, falará um pouco sobre o distrito de Itaquera, sobre as suas necessidades e, principalmente, sobre as expectativas dos moradores nas próximas eleições. Durante duas semanas, recebemos um rico conteúdo da população local, que enviaram as suas reivindicações para o endereço de e-mail projetoraioxdosbairros@gmail.com.
Formado pelos distritos de Cidade Líder, Itaquera, José Bonifácio e Parque do Carmo e com uma população total de 523 mil habitantes, a região de Itaquera é predominantemente formada pelas classes C e D e têm diversos problemas estruturais, iguais às outras localidades de compõem a Zona Leste.
O número de habitantes do bairro ficaria em 10° lugar em uma lista de municípios, superando Mauá, com 462 mil e perdendo para Sorocaba, a 9°colocada, com 659 mil habitantes. Vale lembrar que Itaquera estaria à frente em termos populacionais de grandes potências do estado, como Santos, Bauru, São José do Rio Preto, porém faltam investimentos à altura de tal grandeza.
Suas principais vias são: Avenida Jacu Pêssego/Nova Trabalhadores, Rua Augusto Carlos Baumann, Avenida dos Campanellas que leva até o bairro de Artur Alvim, e a Rua Virgínia Ferni que liga a Cohab até a radial leste, além das avenidas Radial Leste e Avenida Itaquera. O distrito também é atendido pela Linha 3 (vermelha) do Metrô de São Paulo e pelo Expresso Leste da CPTM. Segundo dados da SPTRANS, as linhas de ônibus chegam a receber cerca de 432 mil passageiros nas 67 linhas de ônibus, além disso, o metrô chega a receber 100 mil passageiros por dia.
O crescimento desordenado da região pode explicar estes números exorbitantes. Desde a inauguração da Arena Corinthians e da ampliação do Shopping Metrô Itaquera, o fluxo de pessoas no local aumentou consideravelmente, porém não foram feitos investimentos para que os moradores não sentissem diariamente este drama. “Chego a levar de 2 a 3 horas para chegar ao trabalho”, conta Ivanilde dos Santos, 43.
Com um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,795, considerado médio, ficando em 76° entre os 96 distritos que compõem a cidade de São Paulo, e com uma renda média de R$ 1.058 reais, o itaqueirense, assim como os moradores do outros distritos que compõem a Zona Leste reclama da ausência de postos de trabalhos na região. “É preciso que seja feito um plano de incentivo para as empresas abrirem suas portas aqui na ZL. Sofremos demais, pois trabalhamos longe, e trafegamos por uma Radial Leste parada no horário de pico”, conta José dos Reis, 32.
Segundo dados da Prefeitura de São Paulo, o distrito possui um hospital municipal, cinco UBS, três AMAs e centros de atenção psicossocial, porém faltam médicos especialistas na região. “Chego a ir para municípios vizinhos para ser atendido”, conta Geraldo Andrade, 72 anos.
Se há problemas na Saúde, há também de violência. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, das 60.185 moradias, 234 foram vítimas de roubos e furtos. Dando ao local, o segundo lugar entre os bairros mais violentos da cidade. “Aqui já foi um bom lugar para se viver, hoje virou terra de ninguém. Ninguém tem paz, Ninguém tem trabalho, Ninguém gosta de morar aqui”, conta Beatriz dos Santos, 64.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Habitação, a cidade de São Paulo possui 206 ocupações, que abrigam 45.872 famílias, destas 13.849 moram na Zona Leste, equivalendo a 30,19% do total. A região tem 45 ocupações e aparece em segundo lugar no ranking.
Na região, há um prédio ao lado do córrego Rio Verde, o espaço não oferece estrutura pra luz e nem esgoto e atualmente está ocupado por moradores que invadiram o espaço, que está embargado há 20 anos e corre o risco de cair. “Diante da falta de moradia, muitas pessoas se submetem a morar em espaços que não tem condições, além disso, sobremos com as constantes promessas dos políticos que vem atrás dos nossos votos. A cada eleição há uma promessa de garantia de um lar”, conta Clóvis Barros, 56.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Habitação, a conhecida “Cohab José Bonifácio”, que desde 1968, abriga milhares de moradores deverá receber novas torres, apartamentos e condomínios, além de uma ciclovia que interligará as moradias até a estação de trem de Guaianases. “É ver para crer. Eu já nem acredito nisso, pois os “engravatados” só aparecem nas eleições”, desabafa José Hilton, 53.
Outra reclamação dos moradores são as opções de lazer. O único parque que os moradores têm acesso é o Parque do Carmo, localizado no distrito de mesmo nome, que possui cerca de 70 mil moradores, sendo o menor distrito da região. Itaquera é o maior, com aproximadamente 205 mil, sendo seguido pela Cidade Líder, com 126 e José Bonifácio com 124.
Pelo que vimos à região ainda carece de muitos investimentos, tanto em melhorias habitacionais, como de planejamento urbano, porém, agora, cabe aos eleitores escolherem melhor os seus representantes, para que estes possam colocar o bairro nos eixos.
Matéria originalmente publicada pelo Grupo Acontece de Jornais e Revistas. Clique aqui e veja o conteúdo completo.